Estudar no exterior – desenvolva habilidades importantes para seu futuro!

Durante minha graduação nos EUA, fiz 3 cursos que lembro bem até hoje. Dois dos cursos eram de uma lista de disciplinas obrigatórias que apesar de não terem nada a ver com meu curso de graduação, Matemática Aplicada, serviram para me ensinar sobre culturas diferente, e mais importante, “aprender a aprender”. Esses cursos eram: Japanese History 150: Early Modern Japan e Scandinavian Studies: The Vikings and Nordic Heroic Tradition.

Meus pais me perguntaram várias vezes qual o sentido de um futuro matemático aprender sobre o Japão na virada do século passado ou sobre os Vikings e seus deuses. Claramente a universidade não esperava que eu me tornasse perito em nenhum desses dois campos. O objetivo real era me expor a um assunto fora da minha zona de conforto, que eu provavelmente não exploraria por conta própria. Dessa forma, como eu não teria nenhum conhecimento prévio, precisaria começar do zero e esta sim era a mágica. Como pegar um assunto denso e desconhecido e saber por onde começar a destrinchá-lo? Quais os tipos de fontes usar e como usá-las corretamente? Como interpretar evidências históricas e separar fatos de interpretações? Aprender estas técnicas, era o objetivo real da aula. Provavelmente não consigo citar mais de 3 nomes de divindades nórdicas, mas sei por onde começar a busca pelas informações novamente.

Outro dos cursos mais divertidos foi Math 191: Probability Theory. Nunca havia gostado muito de matemática até a faculdade pois sempre achava os conceitos muito abstratos. Porém, se há um ramo da matemática presente e tangível em nosso cotidiano, é a probabilidade. Das loterias ao mercado financeiro, passando pelos cassinos, ela está por toda parte. Nessa aula, o professor criou próximo ao final do curso uma noite James Bond, onde ganhávamos crédito num cassino montado no refeitório se encarnássemos o personagem e fôssemos vestidos de smoking. Podíamos aplicar os ensinamentos sobre como contar cartas no Blackjack, escolher as melhores combinações nos dados ou na roleta, e outros jogos de azar. Sempre aplicando os conceitos que semanas antes havíamos aprendido na sala de aula. Com este curso aprendi que é possível olhar de forma analítica para eventos que pessoas normais podem considerar aleatórios e sem explicação.

O sistema americano de ensino leva em consideração não somente as matérias que serão base para a área e/ou curso escolhido pelo aluno, mas também o faz desenvolver habilidades que serão essenciais não importa o curso escolhido. Isso, por si só, é um grande diferencial para formar um profissional mais completo no futuro.

Texto de Victor Bicalho, aluno Daquiprafora formado em Harvard